ABSTRACT
OBJETIVO: Analisar as diferenças da restrição de crescimento até o segundo ano de vida, com base no gênero, entre crianças com três tipos de fissuras. MÉTODOS: Estudo transversal com 881 crianças (58,9 por cento meninos e 41,1 por cento meninas) com fissura labial e palatina do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, Bauru (SP), Brasil, com idades entre 1 a 24 meses. Foram avaliados três tipos de fissuras: fissura labial (181/20,5 por cento), fissura palatina (157/17,8 por cento) e fissura labial + palatina (543/61,6 por cento). Foram obtidas as medidas de peso e comprimento e os dados acerca do aleitamento materno e do nível socioeconômico. Crianças com peso e comprimento abaixo do percentil 10 da referência NCHS foram consideradas como tendo restrição do crescimento. RESULTADOS: A distribuição da amostra de acordo com o tipo de fissura e gênero foi semelhante àquela observada em outros estudos epidemiológicos. O aleitamento materno foi mais freqüente no grupo com fissura labial (45,9 por cento) que nos grupos de fissura palatina (12,1 por cento) ou de fissura labial + palatina (10,5 por cento). Os lactentes com fissura labial mostraram menos comprometimento do peso (23,8 por cento) e do comprimento (19,3 por cento) comparados àqueles do grupo com fissura labial + palatina (35,7 por cento e 33,1 por cento, respectivamente), sendo que o último grupo mostrou proporções de crianças com peso e comprimento inferiores ao percentil 10 muito próximas às do grupo com fissura palatina (34,4 por cento e 38,9 por cento). CONCLUSÕES: O comprometimento do peso e comprimento é mais grave nos lactentes com fissura labial + palatina e com fissura palatina e pode ser atribuído principalmente às dificuldades de alimentação, em comparação ao grupo com fissura labial.